28/07/2010

Otiaju na Estrada - 9ª semana



Última semana de Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana - Fórum das artes 2010. Muitas festas, shows, teatro e show de última hora do Otiaju.

A semana começou com tranqüila, com a mostra de bandas independentes no Jardim e teatro no SESI, na segunda feira. Na terça, foi a vez de assistir à apresentação do violonista carioca, estudante do curso de música da UFOP, Rogério Rodrigues, em um show intimista, pautado na improvisação.

Na quarta feira foi dia de ir a Ouro Preto. Marcamos para dar uma canja no pub Tribus Lounge. Aproveitei para conferir a mostra da oficina "O violão e a música brasileira", oficina esta que pretendia fazer, porém não consegui fazer inscrição a tempo. Em uma sala apertada de uma escola de Ouro Preto, assisti meus pseudo-colegas em suas apresentações, dividindo-se entre trios, quartetos e duos. Nas composições, além das do próprio ministrante Paulo Bellinatti, Milton Nascimento e os Beatles.

Encontrei com a Julia na hora marcada (20 horas) no pub. Tocamos cerca de 10 músicas, variando os instrumentos de percussão entre o pandeiro, chocalhos, castanhola, meia-lua e cajón. Praticamente não havia público, somente algumas mesas e os responsáveis pelo bar. Ao final da canja, marcamos uma apresentação para a sexta-feira, dia 23/07. Ainda desci novamente para a praça da UFOP, para ver o show da banda Chevett Hatch, que toca pérolas dos anos 80, que deveriam ter sido enterradas por lá mesmo. Horrível. Fiquei por uns 10 ou 15 minutos no show e voltei para casa.

A quinta-feira foi dia de mostra de bandas independentes no Jardim. Destaco o show da banda Elephas, de Lavras - MG. Com uma música consistente, uma ótima pegada rock'n'roll, os Elephas fizeram o melhor show que presenciei no palco independente nessa semana. De quebra ainda conheci os caras, ganhei um cd deles, tomamos algumas cervejas e demos algumas risadas. Na conta dessas cervejas com os Elephas, acabei perdendo o horário para o show de Chico César em Ouro Preto, do qual ouvi falar muito bem e muito mal, de pessoas de gosto distinto. Após as cervejas no Jardim, fui para o já tradicional samba no Sagarana. Muita diversão e mais cervejas. Havia a possibilidade de uma canja, a qual inclusive serviu para livrar o pagamento da minha entrada, mas meu estado etílico me impossibilitou a concretização da apresentação.

A sexta-feira foi dedicada à apresentação do Otiaju no Tribus Lounge. Tocando para um pequeno público, eu e Julia aproveitamos para tocar mais músicas próprias e improvisações. Destaco a nova roupagem dada à balada "Essência" e para a nossa música "Vento (Máscaras)", que está cada vez ganhando melhor forma. Das versões, "Parabolicamará" tem sido uma música muito prazerosa de tocar. Como estávamos tocando por couvert e o bar deu pouco movimento, tivemos o pior cachê da história da banda. O toque, e o samba na noite anterior, acabou nos dando um esgotamento total e nos impossibilitando de curtir a noitada de sexta no festival.

Já no sábado, de baterias renovadas, embarquei novamente para Ouro Preto. Destino: praça da UFOP para o show do Clube do Balanço e, na seqüência, Bar do Festival onde teria um showzaço de gafieira, seguido pela banda Cordão do Boitatá, da qual havia ouvido falar muito bem. O show do Clube do Balanço estava um tanto morno, então resolvi ir para a fila do Bar do Festival e garantir a minha entrada. Depois de mais ou menos uma hora na fila, estava no bar. Em poucos minutos iniciou o primeiro show. Gafieira de primeira qualidade. Dancei e me diverti bastante. Encontrei algumas das poucas pessoas que haviam estado na apresentação do Otiaju na noite passada, que vieram nos parabenizar pelo show. Isso é uma das melhores retribuições que um músico pode receber: reconhecimento do seu público. Tive o prazer também de conhecer o violonista Rogério Rodrigues, de quem eu havia assistido a apresentação na terça. Uma figuraça! Já mais pra lá do que pra cá, conversamos sobre música e fizemos alguns comentários sobre a banda que estava tocando, em especial sobre o guitarrista (óbvio! Dois violonistas!). Logo após a gafieira, veio a atração mais esperada da noite: Cordão do Boitatá. Para quem estava esperando para ouvir as músicas próprias, teve uma grande decepção. Foram pouquíssimas músicas de autoria deles. Umas cinco no máximo. De resto, grandes clássicos da MPB, muito bem executados. É uma banda excelente! Fez todo mundo dançar até as 5 horas da manhã! Acabados os shows, hora de subir a ladeira e voltar pra casa. Não sem antes dormir no ponto de ônibus, pegar o busão, tomar mais uma rodada de cervejas no boteco ao lado do ponto, e tomar um café pra curar. Resultado: dormir as 11 horas da manhã que nem um cachorro louco!

No domingão, ainda na ressaca, saí de casa para curtir o último dia de festival. No SESI rolou a peça de teatro A descoberta das Américas, uma comédia que conta a história de um italiano que por acaso foi parar em uma das naus de Cristovão Colombo. Muitas risadas para fechar com chave de ouro a parte das artes cênicas do festival. Na seqüência, descemos para a praça dos ferroviários, aonde o Clube do Balanço nos esperava para o show de encerramento do festival de inverno. O show em Mariana foi, com certeza, bem mais animado que o de Ouro Preto, apesar de não ter nem um terço do público da noite anterior. Mas é sempre assim. O melhor é para poucos e bons. E os que lá estavam assim o eram. Foi bom para curtir um show de alta qualidade bem de perto, sem empurra-empurra. Aproveitando que o corpo ainda estava debilitado da noitada anterior, fiquei bem tranqüilo balançando o esqueleto no meu canto, e apreciando o show.

O Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana - Fórum das artes 2010 encerrou-se com um gostinho de quero mais. Pra mim, foi um dos períodos de maior vivência cultural que tive na minha vida. Foram 17 dias de shows, peças de teatro, oficinas, intervenções. Gostaria de ter tido mais pique e um carro para acompanhar mais atrações, visto que algumas foram muito espalhadas. Aliás essa foi uma das diretrizes do festival esse ano: levar o festival a todos os cantos das duas cidades-sede do festival. Para as pessoas que são freqüentadoras assíduas do festival, a grande maioria não gostou muito e disse que este ano as atrações estavam um pouco abaixo das outras edições. Realmente a quantidade de artistas de renome caiu bastante este ano, porém foi feito um investimento maior em pequenas atrações e artistas de menor porte. Espero ano que vem poder estar de volta por aqui nesse festival, quem sabe para apresentar em algum desses muitos palcos criados. Não custa tentar e trabalhar para que isso aconteça.

A próxima semana o marasmo desembarca por aqui. Vai ser hora de repensar as ações, correr atrás de toques para agosto, quando os estudantes da UFOP voltam às aulas e tudo volta ao normal.