18/07/2010

Otiaju na Estrada - 8ª Semana



Semana de oficinas e shows do festival, de fazer contatos, entrevistas, diversão e de más notícias. 

A semana iniciou com as oficinas do festival. 

Na segunda, participei da oficina de Produção Cultural na Música Independente. Foi um dia muito produtivo. Os ministrantes, Alessandro e Gabriel, são fundadores do coletivo Valvulado, de Uberlândia, e produzem o maior festival de bandas independentes realizado fora das capitais, o Jambolada. Além da Jambolada, eles organizam o Udi Rock - mais voltado pras bandas de som pesado, o circuito valvulado de música independente - que bota as bandas independentes para tocar mensalmente nas casas de shows da cidade, produziram o selo Valvulado Discos - com o qual eles produzem, organizam e distribuem a música independente da região, e a Valvulado TV - núcleo audiovisual responsável pelo registro de todas as ações do coletivo (inclusive a oficina de produção cultural).

Na oficina foram discutidos os mecanismos de fomento da cena independente, o Do it Yourself (faça você mesmo), parcerias entre instituições (como universidades, por exemplo) e coletivos, editais de patrocínios, além da troca de informações entre os palestrantes e o público, composto na sua maioria por pessoas já envolvidas em produção cultural.

Após a oficina, troquei uma idéia com a galera do Valvulado e conheci o pessoal da banda Seu Juvenal, responsável por trazer as oficinas ligadas à música independente, bem como pela realização do festival Tirando Mofo, que rolou na terça-feira, no palco da praça da UFOP. Trocamos idéias, assisti ao ensaio da Seu Juvenal, que se preparava para o show do dia seguinte, e de quebra consegui uma carona pra casa. Perfeito!
Na terça-feira foi o dia mundial do rock. Para celebrá-lo, foi dia de rock'n'roll, baby!!! O dia iniciou ao cair da noite (como um bom dia de roqueiro deve ser, hehe), com o festival Tirando Mofo. Na sua primeira edição, o festival já conseguiu uma estrutura digna dos melhores festivais do país. Um mega palco, com equipamentos de ponta e profissionais de gabarito no comando. No palco, algumas das principais bandas da cena independente mineira, além de uma banda paulista convidada. As duas primeiras bandas foram as representantes da cena punk mineira, Consciência Suburbana e Anti-Sistema Repressor. Na seqüência, a melhor surpresa musical que tive nos últimos tempos: a banda Vandaluz, de Patos de Minas. Uma banda realmente muito boa! Letras inteligentes, com melodias e harmonias que não caem no comum e uma presença de palco extraordinária. Após os vandalos, vieram os ferozes do Uganga, de Araguari, com um som pesado de altíssima qualidade. Na seqüência os donos da festa, Seu Juvenal, subiram ao palco e fizeram as honras da casa. Pra finalizar a banda convidada, The Dead Rocks, botou todo mundo pra dançar ao som da surf music instrumental.
Após o final dos shows entrevistei a galera da Vandaluz e saímos pra tomar mais algumas e finalizar a noite no Barroco.

Desde terça até o sábado, o festival de inverno abriu espaço para as bandas independentes também em Mariana. Em um palco montado na Praça Gomes Freire, o jardim, subiram ao palco diariamente duas bandas diferentes, entre bandas de covers e música autoral. Mais uma vez, os melhores show ficaram por conta da Vandaluz, Seu Juvenal e The Dead Rocks, além da banda K2 (Poços de Caldas) e da banda Monograma (BH).

A oficina que a Julia participou também iniciou na segunda-feira, mas se estendeu durante toda a semana. Trabalho árduo de ritmo, coordenação, resistência e memória. Aliás a Julia teve uma semana corridíssima. Enquanto eu estava curtindo os shows e fazendo contatos com a galera da cena independente mineira, ela estava ralando fazendo a oficina e ensaiando com o Baobá, para o cortejo que rolou na sexta-feira. Além disso ainda fizemos um ensaio do Otiaju na quarta de manhã. Muita correria, muito cansaço, mas com certeza uma semana muito boa pra ela também. Nas poucas vezes em que nos encontramos esta semana percebi que, apesar do cansaço, ela estava muito satisfeita com as atividades.

O cortejo do Coletivo Baobá foi um momento especial durante a semana. Saindo do jardim ás 20 horas, o cortejo rodou as ruas da cidade, conduzindo o público até a arena principal de shows de Mariana, na Praça dos Ferroviários. É incrível a força que vem dos tambores. Não há como ficar impassível. A Julia, como sempre, estava linda tocando sua alfaia, ao lado de grandes amigos e amigas, enquanto o baque seguia pelas ruas tricentenárias de Mariana. Em quase uma hora de cortejo, muita energia e emoção passaram por essas ruas e dirigiram o povo aos shows de Sá e Guarabira, Flávio Venturini, 14-Bis e Roberta Sá.

Não poderia deixar de falar de mais um show que me deu muito prazer em assistir: Sá e Guarabira! Os dois, sozinhos no palco. Duas vozes, dois violões. Os cabelos brancos mostram que o tempo existe, mas suas vozes mostram que ele não passa. Em belas canções, que embalaram os brasileiros durante décadas, emocionaram o público, abrindo a noite para os shows que se seguiram.

O ponto baixo da semana foi o cancelamento do show do Otiaju na Choperia Casarão, que nos deixou um pouco tristes por ser o nosso único show durante o festival. A coordenação da casa alegou que houve uma pane no sistema que os fez perder a agenda e que houve uma falta de comunicação, não conseguindo remarcar conosco. Uma pena. Em meio a tanto fervor cultural, estávamos aguardando muito este show durante o festival de inverno.