31/05/2010

Otiaju na estrada - 2ª semana

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Dae galera!
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Depois da terra da garoa foi a vez de aportarmos em Minas Gerais. Chegamos em Mariana, cidade vizinha a Ouro Preto, no sábado (22/05) de manhã.
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Após um descanso saímos para dar um rolé pela cidade. A Julia, que já conhece a cidade (morou 4 anos aqui), foi me mostrando os principais lugares do centro: muitas igrejas e casas em estilo colonial, o que me lembrou muito o centro histórico de São Chico. A cada passo dado, ela reencontrava velhos e eu fazia novos amigos.
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À noite fomos a um show de samba (free) na praça. Uma bela cantora, trajando um longo vestido branco, com uma bela voz. Parecia uma verdadeira diva. Na banda: um violonista, um baixista, um batera e dois percussionistas faziam dos arranjos das músicas verdadeiras obras de arte. Dançamos, nos divertimos e provamos a tradicional pinga mineira.
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Após o show rumamos para a república aonde estamos hospedados para fazer um rock'n'tha'buu. Otiaju iniciou os trabalhos, que logo em seguida foi sendo acrescido de novos participantes. Em dado momento da noite (já se faziam altas horas) éramos dois violonistas e cinco percussionistas tocando simultaneamente, regidos pelo "maestro" Paulinho Teteco, figura interessantíssima que comandava a todos nós enquanto batucava em um tambor improvisado com um galão de 20 litros de água. E neste ritmo frenético e alucinado fomos até que nossas energias se esgotaram.
No decorrer da semana, muita tensão e incertezas. O principal motivo da nossa vinda a Minas é a entrega da monografia da Júlia, um trabalho de pesquisa sobre o pandeiro intitulado "O Desenho do Toque", que renderá a ela o título de Bacharel em Tradução pela UFOP - Universidade Federal de Ouro Preto. Durante a semana alguns imprevistos ligados à entrega elevaram o nível de stress às alturas.
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Ainda no meio da semana, algumas amigas da Julia à convidaram para participar de um grupo formado somente por mulheres, o Urucum e Cravo, que toca cantos populares tradicionais, com foco nos cantos espirituais. O quarteto, agora com Julia na formação, é formado por vozes, percussões e flauta transversal. Todas vestidas de baianas, armaram o terreiro na quinta-feira 27/05 no Sagarana, em Mariana, e sexta-feira 28/05 no Tribus, em Ouro Preto.
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Quanto ao Otiaju? Bom . . . Estamos preparando novas músicas para o repertório e fazendo contatos relacionados aos toques e estrutura para isso. Por estarmos em viagem estamos sem equipamentos de som, como amplificadores e microfones. Além disso ainda estamos aguardando a situação acadêmica da Julia se regularizar para que possamos mergulhar de cabeça nas apresentações.
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Enquanto isso, nos matriculamos no Conservatório de Música de Mariana, aonde estamos fazendo aulas de Percussão, História da Música, Percepção Musical e Canto Coral. O mais impressionante? Tudo isso custa apenas 10 reais por mês!!!! Fica aí um bom exemplo de como boas parcerias podem dar certo na área de educação musical.
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Neste pouco tempo em que nos encontramos por aqui, pude perceber a efervecência cultural e artística da região. Muitos eventos acontecendo simultaneamente, oficinas e coletivos, bares abertos às novidades e às raízes populares, dando espaço à improvisação e ao diálogo entre artistas e público. Exatamente o que nos falta na Ilha Encantada. Gostaria que os nossos artistas, empresários do meio cultural e governantes pudessem ter essa experiência de ver a arte acontecer em uma cidade do mesmo tamanho de São Chico.
Por hora é só .. Em breve escreveremos mais sobre nossas impressões, atividades e experiências vivenciadas aqui nas Minas Gerais.

Por Tiago Constante

Otiaju

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